sexta-feira, outubro 29, 2004

O Vitória chora Jacinto João



O mítico J.J, faleceu esta madrugada em Setúbal, vítima de paragem cardíaca.
A dor, o luto e a consternação toldam os sentimentos de todos os vitorianos neste dia triste.
Quem viu e ouviu falar do Jota sabe que foi o mais virtuoso, entre muitos outros, de quantos envergaram a camisola do Vitória.

Neste dia triste o treinador de bancada associa-se ao luto vitoriano e em jeito de singela, mas sentida, homenagem recordo o que aqui escrevi há pouco mais de um ano:

Diz quem viu que se tivesse jogado num dos denominados grandes teria hoje o país a seus pés. Cresci como vitoriano habituado a ouvir falar dele, das suas fintas, do seu drible estonteante, do pé esquerdo mais habilidoso que jamais pisou os relvados portugueses, dos adversários prostrados no chão dominados, vencidos perante o perfume, a sagacidade e a magia do seu futebol.
Falo-vos da pérola africana Jacinto João, conhecido no futebol e no Vitória como " J.J.".
Não vi jogar Eusébio, não vi jogar Pelé nem Beckenbauer, não vi o Puskas nem o Garrincha, mas se hoje pudesse escolher e me fosse dada a oportunidade de regressar ao passado e disfrutar das maravilhas de um futebolista, a minha eleição recaía sem dúvida no Jacinto João.O seu pé esquerdo e o drible desconcertante granjearam-lhe a admiração de uma inteira massa associativa e não só, pois muitos eram os adeptos de outros clubes da capital, que ao Domingo à tarde rumavam a sul unicamente para verem jogar o Vitória de Jota Jota.Entre muitas e muitas tardes de glória que conheceu com o emblema do Vitória, a que mais está guardada na memória colectiva dos sócios e adeptos do Vitória é sem dúvida a da conquista da Taça de Portugal frente à Associação Académica de Coimbra:
Dia 9 de Julho de 1967. Local: Estádio Nacional. O Jamor rebentava pelas costuras, o negro das capas coimbrãs rivalizava com o verde e branco das gentes sadinas. Uma magnífica tarde de sol, temperatura elevada, ânimos ao rubro. Frente a frente dois porta estandartes, dois gigantes do futebol português. Ambos os emblemas portadores de uma responsabilidade elevada. O Vitória emblema de toda uma cidade e a Académica senhora do coração dos estudantes da Academia.Chegaram ambas à grande final, com inteira justiça tendo a Académica eliminado o Benfica nos quartos de final depois de 2-0 no Calhabé e de uma derrota na Luz por 2-1 e suplantado nas meias o Braga por uns convincentes 1-2 e 4-1 fora e em casa respectivamente. Por sua vez o Vitória deparou-se-lhe como adversário o F.C. Porto que despachou superiormente com 3-0 no Bonfim e um claro 4-4 em pleno estádio das Antas.Do lado do Vitória, treinado pelo saudoso Fernando Vaz, alinharam:Vital, Conceição, Leiria, Herculano e Manuel Santos " Carriço"; Tomé e Vitor Batista: Guerreiro, José Maria, José Pereira "Pedras" e Jacinto João "J.J."os marcadores pelo Vitória foram: José Maria, Guerreiro e Jota Jota.Do lado da briosa Associação Académica Toni e Vieira Nunes sobressaíram, sendo os golos apontados por Celestino e Ernesto.Foi, das 8 ( oito ), em que o Vitória esteve presente, talvez a que mais tocou a alma vitoriana, como diz Madureira Lopes, " quiçá, pela atmosfera fervilhante que a envolveu e pelas circunstâncias dramáticas em que o triunfo do Vitória foi conseguido: já o sol empalidecia no Estádio do Jamor, após uma maratona inesquecível que durou longos e duros 144 minutos disputados sob o calor impiedoso do mês de Julho, quando Jota Jota apontou o golo mágico da vitória, arrancando brados de esfusiante alegria entre os sadinos e lágrimas doloridas aos olhos dos estudantes""FOI UMA AUTÊNTICA LOUCURA!!!" disse Jacinto João após o memorável jogo, " Aquilo foi a maior maratona do futebol português, uma Taça disputada em dois prolongamentos seguidos! Já quase todos se arrastavam pelo relvado" conta Jota Jota e prossegue: " recebi um passe de José Maria sobre o meu lado esquerdo, passei Celestino e vi que Crispim não aguentou a minha escapada e caiu no relvado a queixar-se de cãibras. Fui na direcção de Maló, enganei o grande guarda-redes, rematando para o lado contrário onde lhe apareci. Com aquele golo, mesmo, mesmo no fim do segundo prolongamento de meia hora, a Taça era nossa. Foi uma autêntica loucura!!!", disse.
Foi a consagração merecidíssima de um extremo esquerdo desconcertante, que Vítor Santos, jornalista do Jornal A Bola e chefe de redacção na altura do acontecimento, diria que personificava como mais ninguém a beleza e o enleio do " Futebol-Macumba"

Até sempre Jota Jota, viverás para sempre nos nossos corações!



Spry


quinta-feira, outubro 28, 2004

Depois da excelente exibição e da saborosa vitória conquistada em Braga, frente ao Sporting local, o Vitória de Setúbal continuou hoje na senda dos triunfos, desta feita para a Taça de Portugal, frente ao conjunto do Pedras Rubras.

Foi uma partida disputada no Estádio do Bonfim e que valeu essencialmente pelos 2 golos marcados. De assinalar a estreia a marcar do Bruno Moraes após assistência de João Paulo Brito.

Respira-se tranquilamente nos lados do Bonfim, por um lado a senda vitoriosa da Super Liga, conjugada com a (aparente?) tranquilidade a nível salarial faz com que os índices de confiança de atletas, dirigentes e adeptos estejam nos píncaros e todos esperamos que se mantenha o bom caminho até final da época.

No que diz respeito ao futebol formação destaque para a equipa de juniores do Vitória, que paulatinamente retoma o bom caminho, tendo este fim de semana presenteado "Os Belenenses" no Restelo, com um esclarecedor 3-1. Retenham um nome que ainda muito vai dar que falar no mundo vitoriano e nacional: Besugo, é um craque e é do Vitória.

Na modalidade de futsal, que este ano no Vitória disputa a 2ª Divisão nacional, depois de derrotados na primeira jornada, a equipa somou 2 triunfos consecutivos e viu-se este fim de semana derrotada no Antoine Velge por 4-5 com o "os Belenenses", com muitas queixas dos adeptos e atletas da dupla de arbitragem. O Presidente dos azuis do Restelo foi espectador atento nas bancadas do pavilhão sadino.

Na modalidade Andebol, o horizonte continua negro para o futuro da modalidade. Num momento em que o impasse quanto ao início da competição se mantém, as equipas da Liga Profissional procuram manter a forma e foi o que fizeram este fim de semana em Águeda, o Académico local, o ABC, o FC Porto e o Vitória FC.
O Vitória depois de vencer no Sábado a formação de Àgueda por 24-26, jogou no Domingo a final contra o FC Porto e segundo rezam as crónicas, terá dado indicações muito positivas quanto ao valor desta equipa. Recorde-se que o Vitória jogou toda a segunda parte privado de 2 dos seus jogadores mais influentes, Bolotskikh e Boris Zarkovic ( choque involuntário que os obrigou a deslocar ao hospital para sutura) .
O resultado de 32-26 favorável ao Porto não espelha aquilo que foi a partida, sendo que a 5 minutos do fim da partida o Vitória esteve quase a empatar o jogo.
Só nos resta esperar que o Sr. Luís Santos e o Dr. Nogueira se sentem à mesa e que, nem que seja à chapada, resolvam este assunto que envergonha a modalidade e o País.

Esperemos que o fim de semana prolongado seja sinónimo do prolongar dos bons resultados no mundo vitoriano.

Saudações Vitorianas
Spry

terça-feira, outubro 19, 2004

Árdua e Briosa Vitória

O clássico do futebol português, é certo já sem a magia de outros tempos, Vitória de Setúbal-Académica, encerrou ontem a 6ª jornada do campeonato maior do futebol nacional.
Foi uma partida disputada num momento em que o futebol português vive um período verdadeiramente Dantesco, recorde-se o " Vá-se Foder" de Scolari na passada Quarta-Feira, a inenarrável conferência de imprensa de Luís Campos 20 minutos após o Gil ter perdido com o Braga e o lavar de roupa suja, que envergonhou o País e que terá surpreendido alguns quanto ao nível dos intervenientes, verificado no Domingo à noite na sala de imprensa da Luz.
A nível interno a semana vitoriana foi também sobressaltada, depois de o atleta Bruno Ribeiro ter proferido declarações inadmissíveis e indesculpáveis, porque prejudiciais dos interesses do Vitória, a diversos orgãos de comunicação social.

Foi pois num momento bastante tenso do futebol português que o Vitória recebeu a Briosa.
Segunda Feira à noite de chuva e frio, cenário nas bancadas do Bonfim desolador no início do encontro, não mais de 2000 espectadores para assistirem ao encontro que poria o Vitória isolado no 5º lugar da classificação.

Na verdade, assistimos ontem no Bonfim a uma desinteressante partida de futebol, onde o Vitória sem deslumbrar trabalhou o suficiente para ganhar e a Académica estudou apenas para não perder.

Na primeira parte a monotonia só foi quebrada por alguns rasgos de Jorginho e por uma flagrante perdida de Manuel José, que rematou a rasar o poste com Pedro Roma fora do lance.
Na verdade a Académica foi praticamente inexistente, limitando-se exclusivamente a defender o 0-0. O meio campo do Vitória de Zé Couceiro ( Sandro - Ricardo Chaves) lutador, recuperador, destruidor, revela-se, insuficiente para produzir o caudal de jogo ofensivo que este tipo de jogos no Bonfim requerem e a que fomos habituados por mais de 20 anos de Hélio. E por isso ao intervalo só podia registar-se o nulo no marcador.

No segundo tempo a tacanhez competitiva da Académica só lhes permitia defender, Couceiro tirou um defesa e colocou em campo mais um homem de ataque, Igor, mas os homens do meio campo continuavam em não conseguir proporcionar aos homens da frente momentos para golo.
Foi justamente um defesa, Nandinho, que na melhor jogada da noite, numa incursão pela esquerda fez tudo bem e serviu Sandro, que no coração da área atirou contra um defesa, quando tinhaa baliza completamente à mercê, momentos depois, de num lance idêntico, ter atirado por cima.

O cronómetro avancava e o marcador não funcionava, muito por culpa de Pedro Roma que manteve um "diálogo" particular com Jorginho, negando-lhe por três vezes o golo, com defesas monstras a remates de fora da área do craque brasileiro.

A dez minutos do fim, Paulo Adriano mete as mãos pelos pés em plena área e o fiscal de linha, atento, assinala grande penalidade favorável ao Vitória. Albert Meyong apontou e facturou, colocando justiça no marcador.

Foi a explosão de alegria no Bonfim, onde os sócios do Vitória comemoraram efusivamente mais um golo do camaronês, que se colocou tal como Jorginho e Zé Rui, no grupo dos mais concretizadores goleadores do Vitória.
Até final a Académica correu atrás do prejuízo e o Vitória e seus adeptos ainda sofreram até ao apito final de Augusto Duarte, mas Marco Tábuas e a defensiva liderada por Veríssimo, uma bela estreia, e Hugo Alcântara revelaram-se inultrapassáveis.

Depois da regularização salarial com os profissionais de futebol, que aconteceu momentos antes da partida, depois de uma vitória contra um concorrente directo que nos catapulta neste momento para um honroso 5º lugar , estou em crer que, sem perder a noção da realidade e das dificuldades, podemos esboçar um sorriso de esperança e de convicção num amanhã vitoriano cada vez melhor.

Saudações Vitorianas
Spry

quarta-feira, outubro 13, 2004

Quase cinco meses depois da convocatória de Luis Felipe Scolari para a aventura futebolística das nossas vidas, a equipa do treinador de bancada decide terminar as férias.

Vivemos, disfrutámos e emocionámo-nos com o Euro 2004, nos estádios, nas cidades, nos bares, nas esplanadas, nas ruas, nas janelas.
Rimos e chorámos nos jogos de Portugal. Vibrámos até final e chorámos a 4 de Julho... por não sermos campeões da Europa, por terem sido os gregos e o anti-futebol a ganhar, por termos perdido a Final, pelo Euro ter chegado ao fim e por termos de aguentar com um ex-presidente do Sporting à frente dos destinos do País.

Nestes cinco meses comemorámos intensamente a subida de divisão do Vitória, roemos as unhas para saber as novidades do defeso e deliciámo-nos com o início de campeonato do Vitória setubalense e com as magníficas exibições de Jorginho& Cia.
Repensámos, durante este nosso largo defeso, e passado pouco mais que um ano do nascimento deste blog, se as razões que nos levaram a dar-lhe vida se mantinham.
Chegámos à conclusão que sim, vale a pena continuar.
Por um lado o nosso gosto pela escrita, pelo fenómeno desportivo e pelo futebol em particular são motivo mais do que suficiente para que o façamos.
Depois, dado o panorama actual da blogosfera desportiva portuguesa avassaladoramente dominada por jornalistas lagartos, portistas e lampiões que mais não fazem do que seguir a lógica comprometida do futebol português onde só os grandes contam, só os jogos dos grandes existem, só Benfica, Porto e Sporting interessa vender, entendemos que é preciso ajudar a inverter a lógica, sendo acutilante e incisivo na denúncia de muitos dos compadrios do futebol português.
Porque somos sócios e adeptos de um clube que não é grande, é enorme e porque queremos e temos forças para remar contra a maré, porque o panorama vitoriano na internet, em termos de opinião e informação também não é o melhor, achamos que podemos continuar a desempenhar um papel importante na vida cibernauta vitoriana e na comunidade bloguista desportiva nacional.
O Treinador de Bancada foi o primeiro blog assumidamente vitoriano a nascer na blogosfera. Também por isso e porque queremos contrariar os que previam o nosso desaparecimento a curto prazo, é com muito agrado e renovadas energias que anunciamos o nosso regresso.
Saudações Vitorianas
Roger Spry & Malcolm Allison