terça-feira, outubro 19, 2004

Árdua e Briosa Vitória

O clássico do futebol português, é certo já sem a magia de outros tempos, Vitória de Setúbal-Académica, encerrou ontem a 6ª jornada do campeonato maior do futebol nacional.
Foi uma partida disputada num momento em que o futebol português vive um período verdadeiramente Dantesco, recorde-se o " Vá-se Foder" de Scolari na passada Quarta-Feira, a inenarrável conferência de imprensa de Luís Campos 20 minutos após o Gil ter perdido com o Braga e o lavar de roupa suja, que envergonhou o País e que terá surpreendido alguns quanto ao nível dos intervenientes, verificado no Domingo à noite na sala de imprensa da Luz.
A nível interno a semana vitoriana foi também sobressaltada, depois de o atleta Bruno Ribeiro ter proferido declarações inadmissíveis e indesculpáveis, porque prejudiciais dos interesses do Vitória, a diversos orgãos de comunicação social.

Foi pois num momento bastante tenso do futebol português que o Vitória recebeu a Briosa.
Segunda Feira à noite de chuva e frio, cenário nas bancadas do Bonfim desolador no início do encontro, não mais de 2000 espectadores para assistirem ao encontro que poria o Vitória isolado no 5º lugar da classificação.

Na verdade, assistimos ontem no Bonfim a uma desinteressante partida de futebol, onde o Vitória sem deslumbrar trabalhou o suficiente para ganhar e a Académica estudou apenas para não perder.

Na primeira parte a monotonia só foi quebrada por alguns rasgos de Jorginho e por uma flagrante perdida de Manuel José, que rematou a rasar o poste com Pedro Roma fora do lance.
Na verdade a Académica foi praticamente inexistente, limitando-se exclusivamente a defender o 0-0. O meio campo do Vitória de Zé Couceiro ( Sandro - Ricardo Chaves) lutador, recuperador, destruidor, revela-se, insuficiente para produzir o caudal de jogo ofensivo que este tipo de jogos no Bonfim requerem e a que fomos habituados por mais de 20 anos de Hélio. E por isso ao intervalo só podia registar-se o nulo no marcador.

No segundo tempo a tacanhez competitiva da Académica só lhes permitia defender, Couceiro tirou um defesa e colocou em campo mais um homem de ataque, Igor, mas os homens do meio campo continuavam em não conseguir proporcionar aos homens da frente momentos para golo.
Foi justamente um defesa, Nandinho, que na melhor jogada da noite, numa incursão pela esquerda fez tudo bem e serviu Sandro, que no coração da área atirou contra um defesa, quando tinhaa baliza completamente à mercê, momentos depois, de num lance idêntico, ter atirado por cima.

O cronómetro avancava e o marcador não funcionava, muito por culpa de Pedro Roma que manteve um "diálogo" particular com Jorginho, negando-lhe por três vezes o golo, com defesas monstras a remates de fora da área do craque brasileiro.

A dez minutos do fim, Paulo Adriano mete as mãos pelos pés em plena área e o fiscal de linha, atento, assinala grande penalidade favorável ao Vitória. Albert Meyong apontou e facturou, colocando justiça no marcador.

Foi a explosão de alegria no Bonfim, onde os sócios do Vitória comemoraram efusivamente mais um golo do camaronês, que se colocou tal como Jorginho e Zé Rui, no grupo dos mais concretizadores goleadores do Vitória.
Até final a Académica correu atrás do prejuízo e o Vitória e seus adeptos ainda sofreram até ao apito final de Augusto Duarte, mas Marco Tábuas e a defensiva liderada por Veríssimo, uma bela estreia, e Hugo Alcântara revelaram-se inultrapassáveis.

Depois da regularização salarial com os profissionais de futebol, que aconteceu momentos antes da partida, depois de uma vitória contra um concorrente directo que nos catapulta neste momento para um honroso 5º lugar , estou em crer que, sem perder a noção da realidade e das dificuldades, podemos esboçar um sorriso de esperança e de convicção num amanhã vitoriano cada vez melhor.

Saudações Vitorianas
Spry

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