segunda-feira, abril 10, 2006

Para ti, Fábio

Independentemente das actualizações mais ou menos frequentes deste espaço de comunhão e exaltação vitoriana, a vida da mais carismática e acarinhada instituição setubalense não tem parado e as alegrias vão-se sucedendo com regularidade, apesar de algumas contrariedades e momentos menos bons.

Quase 3 meses após as últimas eleições no Vitória Futebol Clube, a Direcção e SAD, numa iniciativa que se louva, retomaram o hábito da Direcção presidida por Jorge Goes, que a gerência de Chumbita Nunes esqueceu, e reuniram informalmente com os sócios do Clube no Fórum Luísa Tody, numa sessão de esclarecimento que contou com mais de 500 associados do Vitória.

Nota muito positiva para a exposição feita por um funcionário recém contratado para a área financeira, que de uma forma clara, transparente e sucinta traçou o panorama das finanças do grupo Vitória, que infelizmente, tal como sabemos e ouvimos há já vários anos, continuam sem motivos para fazer sorrir os associados e dirigentes, apesar de ser de destacar a existência de resultados positivos nos exercícios mais recentes, o que permite concluir que, ultrapassados e corrigidos os erros do passado, a instituição Vitória Futebol Clube é viável, proveitosa e apetecível, se gerida com competência e realismo.

Já que na área do futebol, como é evidente, já se percebeu que não é preciso mexer muito: a estrutura é coesa, competente e apresenta resultados, caberá então aos actuais dirigentes apresentar soluções e ideias que permitam sanear as debilitadas contas vitorianas.
E foi isso que o Presidente do Vitória fez na segunda parte da sessão.
Apresentou, auxiliado por diapositivos, o projecto imobiliário e do novo Estádio do Vitória, na zona actual do Estádio do Bonfim, que uma vez concretizado proporcionará a viabilidade financeira que o projecto“ Vitória Sec. XXI” não soube proporcionar ao Vitória.
Confesso que como vitoriano e setubalense fiquei emocionado com o que vi e ouvi. Na verdade, a beleza do desenho do novo Estádio, o enquadramento notável com a área circundante e a possibilidade de concretização do sonho de todos os vitorianos de manter o Estádio do Bonfim no Bonfim, são motivos mais do que suficientes, para que todos os setubalenses se unam e impeçam que, uma vez mais os poderes públicos, que supostamente deviam estar ao serviço das populações, coarctem ao Vitória de Setúbal e aos setubalenses as hipóteses de se desenvolverem em condições harmoniosas, integradas e sustentadas, permitindo que o Clube continue a servir a Cidade e esta a apoiar e fomentar o desenvolvimento do Vitória sadino.


Os meus Parabéns aos dirigentes, o meu agradecimento e o meu apoio pela apresentação e promessa de lutar até ás últimas forças pela concretização do sonho do Bonfim no Bonfim.

No que restou de sessão destaque para as intervenções correctas, sérias e apaixonadas dos sócios do Vitória que opinaram, apoiaram e interrogaram os dirigentes ( os que deram a cara, pois outros houve que se sentaram discretamente na plateia, outros que primaram pela ausência e ficámos a saber que houve um que até já se demitiu) sobre assuntos da vida diária do Vitória.

Nota menos positiva para o responsável pelo Marketing, que inicialmente estava na plateia, pois respondeu às perguntas colocadas de forma fugaz, contraditória, pouco clara e com uma arrogância que fica mal a um rapaz tão novo. Contudo apreciei a sua auto-confiança e convicção e espero sinceramente que os rumores, quanto a um possível auto benefício com alguns dos serviços prestados ou a prestar ao Vitória não sejam verdadeiros, pois fazê-lo às escondidas sob a capa da moralidade é pior do que os mais graves erros do anterior Presidente.

A sessão finalizou num clima de grande satisfação e esperança vitoriana num futuro melhor e com a convicção em todos de que apenas com os Vitorianos e os setubalenses unidos será possível levar avante um projecto que tem tanto de ambicioso como de merecido.

No dia seguinte e sob o olhar atento do Presidente do Vitória a equipa de andebol do Vitória foi ao Restelo lutar pelo continuidade em prova e fê-lo de forma exemplar, apesar de não ter conseguido os seus intentos. Depois da pesada derrota em Setúbal no Jogo 1, os pupilos de Jorge Rodrigues encararam com muita determinação e abnegação esta partida e proporcionaram ao composto Acácio Rosa um excelente e emotivo espectáculo de andebol, onde a continuidade do Vitória em prova foi impedida pelo braço do Guarda-redes do Belenenses no último segundo da partida, após remate do vitoriano internacional português Vladimir Bolotskikh.
A exibição da equipa do Vitória apesar da derrota tangencial encheu de orgulho as 3 dezenas de apoiantes que se deslocaram ao Restelo e deixam água na boca para os desafios que ainda restam esta época.
No próximo dia 22 de Abril o Vitória discutirá com o Águas Santas, no Jogo 1, o 5º e 6º posto do campeonato e no dia 25 de Abril deslocar-se-á a Leiria em jogo a contar para os oitavos de final da Taça de Portugal. Em caso de vitória, o jogo dos quartos de final, que permitirá o apuramento para a final four desta competição, realizar-se-á em Setúbal com o vencedor do encontro entre o S. Bernardo e o SL Benfica.



Após o primeiro dia de trabalho da semana ter sido encurtado para metade, chego ao bonito e quase cheio Estádio dos Arcos em Vila do Conde e nem tive tempo para assentar arraiais, já a turma local se adiantava no marcador.
Imitando a estratégia utilizada no ano passado e que bons resultados deu, a formação vila-condense entrou determinada a marcar o primeiro golo antes dos 5 minutos e passar 85 a defender com o autocarro que noutros tempos diziam que andava ao serviço do Vitória.
E foi o que sucedeu, Agostinho aos 3 minutos concluiu uma bonita e rápida jogada do ataque do Rio Ave e a partir daí o Vitória tomou conta do jogo, diga-se em abono da verdade sem carregar muito, mas controlando totalmente as operações e perseguindo sempre, umas vezes com mais determinação que outras, o tento da igualdade.
O treinador Hélio Sousa havia alertado para os perigos de uma possível descompressão, após o jogo com a Naval e sabia do que falava.
No fim do jogo assumiu que foi isso que aconteceu, repreendeu os seus jogadores e prometeu que o campeonato do Vitória ainda não está terminado e lançou o mote para o jogo com o Braga.

Ainda durante a semana passada, o mundo vitoriano foi abalado com a notícia do falecimento de um menino de 13 anos, Fábio Paixão, sócio e adepto apaixonado do Vitória, vítima de uma leucemia contra a qual lutava há já 5 anos.
Há notícias que não deviam existir e injustiças que jamais entenderemos. Aqui a homenagem mais que merecida a quem de certeza mereceria poder ver ainda muitos mais golos do Vitória.


E no primeiro jogo após o desaparecimento do Fábio, esta noite, os jogadores do Vitória, profundamente emocionados com o minuto de silêncio em homenagem ao amigo Fábio, que visitaram no IPO há uns meses atrás, imbuídos quiçá, do apoio extra de um menino que só gostava de ver o seu Vitória ganhar, arrancaram uma exibição deslumbrante, guerreira, talentosa, digna de figurar no álbum das memórias eternas do Vitória, uma vitória que foi inteirinha para o Fábio e três pontos que deixam intactas as aspirações do Vitória de continuar a lutar pelo 5º lugar do campeonato.

Perante uma bancada central descoberta a fervilhar de tranquilidade, a exibição de gala do Vitória e as inenarráveis asneiras do árbitro maçarico Nuno Afonso e seus auxiliares, empolgaram os adeptos e condimentaram ainda com mais emotividade esta bela partida de futebol.

Com um início deslumbrante, avassalador e descomplexado os comandados de Hélio Sousa assumiram o controlo e as despesas do jogo e fizeram-no bem, com classe, categoria e grande espírito de entreajuda, para gáudio dos exigentes aficionados sadinos, que viram a primeira grande jogada de perigo na sequência de um magnífico passe de desmarcação de Ricardo Chaves para Bruno Ribeiro, já na pequena área, proporcionar a primeira grande defesa da noite ao fiteiro e tresloucado Paulo Santos.

Momentos depois, numa fabulosa jogada do ataque do Vitória, após sucessivas combinações e tabelinhas entre os jogadores vitorianos, Carlitos marca o primeiro da noite e o auxiliar Carlos do Carmo obriga Nuno Afonso a cometer a primeira grande asneira da noite, invalidando o golo do Vitória, obtido de forma absolutamente regular.

O Braga tentava reagir como podia, mas a coesão da zona intermediária que estancava o jogo adversário e lançava e fazia fluir o ataque do Vitória, bem como a solidez dos rapazes da defensiva – já faltam adjectivos para qualificar a excelência do desempenho deste quarteto composto por Janício, Veríssimo, Auri e Adalto – impediam a turma arsenalista de incomodar o guarda-redes Rubinho.

Chegámos ao intervalo com aplausos fortíssimos para a equipa vitoriana e apupos e assobios para o trio de arbitragem. Em ambos os casos perfeitamente justificados.

A etapa complementar trouxe mais do mesmo: bom futebol, vontade de ambas as equipas, qualidade nos dois conjuntos e superioridade vitoriana frente a um Braga de milhões que este ano já foi candidato ao título, a um lugar directo na Champions, a um lugar indirecto na Champions e que depois desta noite em Setúbal será candidato a nada.

O golo que ditaria o destino do jogo, chegou aos 51 minutos e na sequência de uma jogada bastante ensaiada pela equipa vitoriana na era pós – Norton e que hoje finalmente deu os seus frutos. Na cobrança de um livre, Adalto toma balanço, finge rematar e dá um toque para Carlitos que de costas para a baliza junto à bola, rodopia e desfere um pontapé fulminante que fez a bola entrar com violência junto ao poste e deixando Paulo Santos pregado à verde relva do Bonfim.
Um golo monumental a selar uma exibição e um resultado dignos do mesmo adjectivo, confirmado pelo que restava de jogo, onde o Vitória não se retraiu e continuou, suportado nas fantásticas exibições de Ribeiro, Carlitos e especialmente Varela, a causar pânico junto à baliza de Paulo Santos e a deixar verdadeiramente de rastos os defesas bracarenses, até ao minuto 90.


Notas negativas: - para o speaker de serviço no som do Estádio, que não só não deu informação nenhuma relativa ao motivo do minuto de silêncio, como ainda chamou ao Vitória, Setúbal….
-Incompreensivelmente, na minha opinião, a salva de palmas que os sócios cativos dispensaram ao jogador do Braga Frechaut, produto da escola Vitória, que não só saiu do clube que o formou para representar um clube que o roubou ( título de juniores que o Vitória ganhou, mas em que o troféu foi entregue ao Boavista), como esta noite ainda tentou simular um penalty, roubando ele desta forma o clube que o formou e do qual se diz adepto.
-Exibição péssima do trio de arbitragem sempre em prejuízo do Vitória. Para além do golo mal anulado, não descortinou uma grande penalidade clara sobre Veríssimo, para além da quantidade infindável de faltas inventadas e do estúpido e exageradíssimo número de cartões amarelos mostrados à equipa do Vitória, que curiosamente, ou talvez não é simplesmente e pelo segundo ano consecutivo a equipa com menos amarelos de toda a competição e líder da tabela do Fair Play.

Esta noite o Vitória chegou aos 45 pontos e ainda restam 4 jornadas antes da desejada final do Jamor e quanto a mim agora que se começam a notar os sinais caracterizadores da mentalidade e estilo de jogo do novo treinador do Vitória, não restam dúvidas quanto à capacidade e competência da equipa técnica.
Herdando uma equipa destroçada psicologicamente, sem ordenados em dia, sem alguns dos titulares que entretanto abandonaram o clube, sem o treinador que iniciara a época e jogando um futebol eficaz, mas excessivamente defensivo e pouco atractivo, Hélio Sousa, auxiliado pelo saber empírico do grande Cardoso e pela, não me canso de o repetir, grande competência e capacidade do João de Deus, agarrou com as duas mãos o apelo e a oportunidade que lhe surgiu e de forma serena, gradual e inteligente foi implementando os seus métodos, as suas ideias e os seus conceitos de jogo. O resultado, da observação atenta dos últimos jogos do Vitória concluo-o facilmente, é um futebol de ataque, ofensivo, atraente, envolvente e acutilante, um futebol que alia o espectáculo aos resultados que no fundo é aquilo que em Setúbal apreciamos, contrastando claramente com o Vitória da primeira volta.
Ao senhor Luís Norton de Matos que dizia que não podia jogar futebol ofensivo porque não tinha jogadores para isso, Hélio Sousa e o Vitória de Setúbal souberam ultrapassar as dificuldades que esse ingrato gerou, deram-lhe uma chapada de luva branca e tornaram evidentes as limitações técnicas e conceptuais de quem em tempos, felizmente poucos, foi treinador do Vitória
Falta apenas referir que para além de grandes profissionais, estes membros da equipa técnica são todos grandes e efusivos vitorianos, sócios com várias dezenas de anos e com o resultado desta noite o Vitória garante oficialmente o direito desportivo de competir na próxima edição da Taça UEFA.

Que mais podemos pedir?
Sexta-feira é no Restelo, 17h15
Só temos de continuar a fazer a nossa parte.

Saudações Vitorianas
Spry

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