segunda-feira, dezembro 15, 2003

VFC-3/SCS-2

O Vitória de Setúbal, no último jogo do ano no Estádio do Bonfim presenteou os seus associados e adeptos com uma entusiasmante exibição e com os tão preciosos 3 pontos.
As condições eram as ideais: tarde solarenga, céu limpo, temperatura amena, relvado em excelentes condições e bastante animação nas bancadas ( terão rondado os 7 mil).
A expectativa em torno da partida era grande.
Defrontavam-se, pela segunda vez consecutiva no Bonfim, o líder e o candidato. Duas formações a atravessar um excelente momento de forma e que jogavam para ganhar.
Todas as expectativas foram superadas. Um jogo vivo e bem disputado, com golos e emoção e um final impróprio para cardíacos, com um momento mágico que jamais será esquecido pelos que ontem estiveram nos tendidos do Bonfim.

Começou melhor o Vitória. Ainda os mais atrasados procuravam os seus lugares, já Rui André, na transformação de um livre directo, enviava a bola à barra da baliza de Paulo Lopes.
Assentando numa defesa de 4 homens, onde a ausência, incompreensível em minha opinião, de Alcântara ( no banco) se fez notar, sobretudo nos lances aéreos, o Vitória carregou desde cedo. O tridente ofensivo de Carlos Carvalhal cedo fez mossa na defesa do conjunto liderado por Luís Norton de Matos. Ao minuto 10, após um notável vira-olhos num defesa, Jorginho desmarca superiormente Pascal, que qual Yekini, quiçá inspirado pela sua presença no camarote, fulminou, à entrada da área, as redes da baliza salgueirista.
Foi a primeira explosão de alegria nas bancadas.

Ainda mal se tinham sentado os adeptos do Vitória e já a Alma Salgueirista se levantava em festa. Numa jogada rápida conduzida pelo lado direito, Djalmir elevou-se bem entre os centrais do Vitória e com facilidade respondeu sim à solicitação da direita.

O Salgueiros remeteu-se de novo à sua defensiva e foi com naturalidade que aos 22 minutos o Vitória chegou à vantagem, se bem que num lance polémico. Meyong enrola-se nas pernas e no dorso do central do Salgueiros e cai ao chão. Olegário Benquerença foi peremptório, apontando de imediato para a marca da grande penalidade. Discutível. Meyong converteu e fez o 2-1 para o Vitória. Resultado com que se iniciou a 2ª metade.

O Salgueiros veio mais afoito dos balneários e depois de o Vitória desperdiçar mais uma mão cheia de boas oportunidades( Pascal e Meyong estiveram em foco, tantos foram os golos falhados) ao minuto 72 os homens de Paranhos ficam reduzidos a 10 elementos, por expulsão, correcta, de Simões. 5 Minutos depois o Salgueiros, na sequência de 2 ou 3 lances de perigo na baliza do Vitória, chega novamente à igualdade.
Em clara posição de fora de jogo, escandalosamente não assinalado, Fábio entra isolado na área e perante a lentidão de Nuno Santos, ganhou posição e arrancou uma indiscutível grande penalidade, que o próprio viria a encarregar-se de marcar.

Nas bancadas a incredulidade, o desespero e o estranho sentimento de remake, do jogo de há 15 dias, fizeram com que os últimos 10 minutos fossem vividos com o coração nas mãos. O Vitória estava proibido de, novamente, perder a oportunidade de ganhar vantagem sobre um opositor directo. Os adeptos sabiam-no, o técnico sabia-o, os jogadores sabiam-no e demonstraram-no ao massacrarem até ao último segundo a equipa do Salgueiros. Foi um verdadeiro sufoco, mas a bola teimava em não entrar e os adeptos desesperavam.

Felizmente existe um nº10. Felizmente o nº 10 do Vitória é o Jorginho. Felizmente que fui ao Bonfim.
O brasileiro, inquestionavelmente um dos melhores jogadores a actuar no futebol europeu, escreveu ontem uma das mais belas páginas da sua presença no Vitória e que seguramente ficará para sempre nas memórias e nas recordações dos 7 mil ontem presentes no Bonfim.
Depois de uma exibição magistral o craque do Vitória, ainda arranjou forças, arte e engenho para, a 20 segundos do final do tempo extra dado pelo árbitro, marcar o golo da vitória e deixar os adeptos em êxtase: Pascal ganha nas alturas uma bola bombeada da defensiva, colocando o esférico á frente de Jorginho. Este, apertado por um defesa, utiliza-o como alavanca para a caminhada vitoriosa, neutraliza-o e deparando-se com o guardião salgueirista, com um toque genial, com muita classe, desvia-a, direccionando-a com êxito, para o fundo das malhas. Foi o delírio no Bonfim. O Génio brasileiro, explodiu: saltou, pulou, despiu a camisola e esfusiante de alegria, ultrapassou os painéis publicitários e correu para junto dos adeptos, que extasiados de felicidade e de corações aceleradíssimos, celebravam, comemoravam, e em uníssono gritavam pelo seu nome. A restante equipa em segundos se lhe juntou e foi ali, no tartan, com os sócios do sol, que todos o saudaram e vitoriaram, encerrando em beleza uma bela tarde de futebol.

Não foi ainda, estou em crer, a prenda no sapatinho da família vitoriana, pois essa, todos assim o esperamos, chegará na próxima Quarta feira quando o Vitória, pela primeira vez se deslocar ao novo "Zé" de Alvalade e carimbar a passagem à eliminatória seguinte da Taça de Portugal.
Spry

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