Está em festa a cidade de Setúbal e o seu Vitória, com a passagem da equipa setubalense às meias finais da Taça de Portugal , oito anos após a última presença, de má memória, em Aveiro.
Foi uma partida, deveras empolgante. Fantástica. Boas equipas, bons jogadores, futebol de ataque, treinadores experientes, resultado: GRANDE ESPECTÁCULO!!!
A partida que opôs o Sporting de Braga ao Vitória, estava rodeada de bastante expectativa: o Braga lutando pelos lugares cimeiros do campeonato e com uma das melhores equipas da prova vinha a Setúbal determinado a manter aberto o objectivo europeu via Taça de Portugal. O Vitória de Zé Rachão, que paulatinamente, com muita experiência e saber acumulado, vai serenando, apaziguando e tranquilizando os contestatários à sua contratação, vinha de uma série de 5 empates consecutivos e estava determinado em obter a primeira vitória para o novo treinador, confirmar a excelência e a categoria desta equipa e honrar e fortalecer os pergaminhos e tradições setubalenses na competição.
José Rachão fez alterações e experiências no onze inicial, que se revelaram acertadíssimas. Marco Tábuas recuperou a titularidade. Colocou Veríssimo na direita e Bruno Ribeiro ( que jogão!!! Defensivamente perfeito e corajoso, oportuno nas incursões atacantes) na esquerda. Os centrais foram Auri e Alcântara ( Erros crassos de ambos. O de Auri deu golo. O atraso inconcebível de Alcântara a Marco Tábuas não foi fatal mas podia ter sido. Ricardo Chaves ( saiu lesionado no início, foi substituído por Puma), Sandro e Manuel José constituiram o trio do meio campo, que apoiava o tridente ofensivo Meyong-Moraes-Jorginho. Os resultados não podiam ter sido melhores.
Decorriam 14 minutos, de um jogo alegre e repartido, quando o mágico Jorginho lançado na esquerda do ataque, dominando a bola de forma carinhosa e ternurenta, embala o adversário e escapa-se pela linha de fundo, veloz como uma gazela, efectua um passe de morte, para a entrada da área, onde Bruno Moraes, oportuníssimo apareceu para desviar o remate de Meyong, para o fundo das malhas e inaugurar o marcador no Bonfim.
O Vitória revelou manter uma dinâmica de jogo elevada, bom entendimento, ligação entre os sectores e muita, muita qualidade técnica dos craques vitorianos que protagonizaram excelentes momentos de futebol até ao intervalo. O Braga que criara a primeira grande oportunidade ainda antes do golo do Vitória com um excelente remate de Wender ao poste, pouco mais conseguiu assustar Marco Tábuas nos primeiros quarenta e cinco minutos.
Com o início da segunda parte, chegou o segundo golo do Vitória.
A perder por 1-0 no final do primeiro tempo, o Braga regressou ao terreno de jogo com Cesinha no lugar de Madrid e beneficiou de uma oportunidade de golo desperdiçada por João Tomás, aos 48 minutos: o ponta-de-lança recebeu a bola à entrada da pequena área e rematou para golo, mas Marco Tábuas opôs-se com uma excelente defesa. Na jogada seguinte, após uma excelente recuperação de bola à entrada da área, Puma tabela bem com Jorginho e Bruno Moraes e serve o camaronês Meyong, que não enjeitou e pontapeou, sem hipóteses para o guarda redes, para o fundo da baliza de Paulo Santos.
O Bonfim estava em festa e o público com a equipa.
Mas quem pensou que os pupilos de Jesualdo Ferreira se escusariam a discutir o que faltava de eliminatória, enganou-se redondamente. Os bracarenses lançaram-se para o ataque, assustaram-se com os venenosos contra golpes vitorianos, mas chegaram ao 2-1, após uma excelente assistência de Abel a João Tomás que, perante a passividade de Auri e Veríssimo, não teve dificuldades em colocá-la por baixo das pernas de Marco Tábuas. Faltava ainda meia hra para jogar.
O Vitória acusou o toque, tremeu e defendeu o resultado como pode até aos 75 minutos de jogo. Já com Igor perfilado para entrar na equipa do Vitória, Wender, o mágico do Braga, faz um golo monumental, sem hipóteses para Tábuas, restabelece a igualdade na eliminatória e faz de novo sonhar os adeptos do Braga.
A partir daí o que se passou foi quase inenarrável.
Muitos adeptos do Vitória, frustrados e descrentes, estado de alma que deve caracterizar as suas vidas, ao invés de apoiar a equipa até final ou de irem para casa chatear as respectivas mulheres, desataram a vaiar, apupar e insultar os atletas vitorianos. Porém, este grupo de trabalho já mostrou que tem carácter e que não se deixa abalar perante as adversidades, e apoiados pela maioria dos adeptos, felizmente, vieram para cima do Braga determinados a repor as coisas no seu devido lugar e a evitar o prolongamento que se deixava adivinhar.
Aos 80 minutos, o caso do jogo, que tanta polémica levantou no Bonfim e que suscitou um despropositado, incompetente e irresponsável comportamento das forças policiais na bancada central descoberta. Bruno Moraes, claramente marca com a mão o que seria o terceiro golo do Vitória. Árbitro e fiscal de linha, inicialmente validam o golo e posteriormente, a pedido de várias famílias, imaginaram ter visto a mão que não viram inicialmente, assinalaram o respectivo livre, amarelaram Bruno Moraes e colocaram-no fora do jogo de Segunda Feira.
A partir daqui, os adeptos com o sangue mais à flor da relva, desviaram a sua ira para o fiscal de linha, puxaram pela equipa até ao fim e, quem teve coração para aguentar, assistiram a um final electrizante, que culminou com um pontapé de Igor, que colocou fora de prova a equipa com quem ainda tem vínculo contratual, na sequência de um belíssimo túnel de Moraes ao defesa bracarense, o avançado vitoriano remata forte e colocado, Paulo Santos defende mas não agarra e no sítio certo, na hora certa, o trunfo que Rachão tinha guardado no banco, chutou para golo e colocou o Bonfim em delírio, a sonhar com a próxima presença no Jamor.
Na nossa sala de troféus , ao fundo na imagem, as Taças conquistadas em 65 e 67 aguardam há muito a companhia da terceira.
O sorteio realiza-se na próxima Terça-Feira. Se pudesse escolher o adversário, não tenho dúvidas, do leque que a esta hora ainda posso escolher, espero encontrar no Bonfim o Beira Mar de Aveiro e servir-lhes a mesma caldeirada que lá provámos, nos idos de 97/98.
Veremos... e até lá disfrutemos a efemeridade desta saborosa e importante vitória.
Viva o Vitória
Saudações Vitorianas
Spry
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