No início da análise ao jogo de Guimarães, onde o Vitória setubalense perdeu por 3-1, não posso deixar de referir, que se cumpriu o sexto jogo da era José Rachão e o Vitória de Setúbal continua sem vencer.
A escolha de Rachão não gerou unanimidade e muito menos entusiasmo entre as hostes sadinas. Confesso que ao saber da escolha do Presidente do Vitória, fiquei num estado algures entre a estupefacção e a incredulidade.
Contudo e das análises que faço cá da bancada, ao contrário de quase todas as opiniões de sócios do Vitória que conheço, e sem ter o apoio dos resultados do meu lado, arrisco dizer que, sinceramente Rachão até me parece saber da poda.
Teve a inteligência suficiente, diga-se que também não era precisa muita, para perceber que a melhor táctica era manter a estrutura e os conceitos que se praticavam quando cá chegou e foi neste período mais condicionado por lesões e impedimentos, que em todo o resto de época. Teve a hombridade e a humildade de responsabilizar exclusivamente os seus atletas pela vitória nos quartos de final da Taça. Ao invés, após a primeira derrota, assumiu toda a responsabilidade pelo resultado negativo. Parece-me que lê de forma correcta e rápida os desenvolvimentos no terreno de jogo, o que lhe permite actuar e corrigir em tempo útil o que está menos bem. E tem até tido a felicidade de fazer saltar do banco homens que marcam golos decisivos, quer para a vitória, quer para o evitar de derrotas.
Não pretendo escamotear a realidade que me diz que em 6 jogos temos 4 pontos e é bem certo que a margem de manobra de Rachão cada vez está mais curta, mas também é certo que o agora treinador do campeão europeu, nos últimos 6 jogos ao serviço do Vitória apenas fez 6 pontos, e se nos recordarmos que também ao início do campeonato foi criticado, só me faz crescer a convicção que apesar de todos os seus defeitos e insuficiências para treinar o Vitória, Rachão vai ser o homem que levará, mais de 30 anos depois, o Vitória ao Jamor e ao fim do campeonato numa posição que faça jus ao excelente e inesquecível primeiro terço de campeonato.
No final e independentemente do que acontecer, sou de opinião que, para que não restem dúvidas, dever-se-à agradecer ao senhor Rachão pelos serviços prestados e preparar a próxima época com rigor, seriedade e competência apostando numa solução inovadora, percurssora e visionária.
O jogo foi considerado, de forma quase unânime, pela generalidade da imprensa, um agradável espectáculo. Pessoalmente, talvez devido à forma como se desenrolou o jogo, não o considerei assim. Pareceu-me que o VitóriaFC entrou confiante e determinado a pelo menos não perder a partida. Condicionado pelas alterações defensivas que obrigaram à estreia do central brasileiro Dione, de má memória diga-se, mas já com Jorginho e Bruno Moraes no onze depois das ausências forçadas da semana passada, o onze manteve a estrutura de 4 defesas, 3 jogadores de meio campo e três de características ofensivas ( Meyong, Jorginho e Moraes).
O ambiente vivido em Guimarães, como o Yekini bem o descreve e retrata é fantástico e só por si intimidante. Animado com a possibilidade, em caso de vitória, de ascender ao 6º lugar e impulsionado pela também vibrante e apaixonada massa adepta vimaranense, os comandados de Manuel Machado, fruto do maior ímpeto ofensivo no início aproveitaram para inaugurar o marcador, aos 16m, na sequência de uma jogada rápida pelo flanco esquerdo, aproveitando o adiantamento de Manuel José, que culminou com um remate colocado de Silva à entrada da área para o fundo da baliza do regressado Paulo Ribeiro.
Os de Setúbal reagiram bem, vieram para cima do adversário, e como quase sempre que o fazem, marcaram e empataram o jogo, oito minutos depois, por intermédio de Meyong, após fantástica jogada e assistência de Bruno Moraes.
O Vitória sadino acreditou, lutou, controlou o adversário e só por grande infortúnio não marcou, 10 minutos depois, quando Bruno Moraes, isolado na cara de Palatsi, com tempo para tudo, não teve a inspiração e o discernimento suficientes para converter no segundo do Vitória de Setúbal.
Com o jogo perfeitamente controlado e à beira do intervalo, já nos descontos, na sequência de um pontapé de canto, Silva aproveitou a desatenção defensiva de Binho, seu marcador directo e fez o 2-1 para o V. Guimarães, sentenciando, naquele momento, o vencedor da partida.
No segundo tempo José Rachão colocou em campo todas as soluções ofensivas de que dispunha, porém foram os da cidade berço que acabaram por fazer o 3-1 e proporcionar aos milhares ontem presentes no estádio um final de noite em festa.
O VitóriaFC nunca se rendeu e nunca baixou os braços, é verdade que quase sempre sem a eficácia e a aquidade que lhe reconhecemos, "...mas sempre com garra a lutar até ao fim...", que é o mínimo exigível comum para todos os vitorianos.
No final aplaudimos, recolhemos cachecóis e bandeiras e viemos para baixo a pensar no próximo jogo com o Benfica e agarrados às conveniências da estatística: não seria provável vencer Braga e Guimarães 3 vezes na mesma época, da mesma forma que, como todos esperamos, não é provável, nem habitual nas minhas memórias que o Benfica fique invicto no Bonfim por mais de 3 jogos consecutivos.
Eu, tal como o Cazé, companheiro de tantas e tantas jornadas, interlocutor de inúmeras e infindáveis discussões sobre a vida do nosso amor comum, apesar de, desta vez, discordar da sua análise, partilho das mesmas preocupações e como ele também espero e sei que no Sábado, teremos um Bom...Fim.
Saudações Vitorianas
Spry
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