terça-feira, dezembro 14, 2004

Quando o jogo não é o mais importante....



Apostando no mesmo onze que há uma semana recebera e vencera o Marítimo, José Couceiro e o seu Vitória deslocaram-se a Vila do Conde para defrontar o Rio Ave de Carlos Brito, uma das equipas que melhor futebol pratica neste campeonato ( apesar de contra o Vitória não o ter demonstrado) e saiu derrotado por uma bola a zero.

Imbuído, quiçá, do espírito da quadra que agora atravessamos, ainda não decorriam 2 minutos de jogo, quando Veríssimo oferece a bola a Gama que, isolado na cara de Marco Tábuas, não desperdiçou e atirou a contar para o fundo das malhas.

Escsusado será dizer que, exceptuando 2 lances nos quais Marco Tábuas realizou 2 grandíssimas defesas, o Vitória foi a partir daqui, o mesmo é dizer, durante mais de 90 minutos, a única equipa a assumir a despesa do jogo e a única interessada em jogar futebol de ataque.

Notei a habitual serenidade da equipa, notei a mesma confiança, notei nos jogadores a convicção de que a sua técnica e táctica seriam suficientes para, pelo menos, não perder o jogo.
Mas não notei a habitual chama, o habitual fulgor, a costumeira alegria indispensável para as vitórias e indissociável dos êxitos até ao momento. E temo, se o discurso do técnico não muda rapidamente que se instale a apatia e o desanimo no balneário vitoriano.

José Couceiro disse antes da partida que o jogo de Vila do Conde era o que menos o preocupava no momento.
Bem sei que a situação do clube e da SAD é gravíssima, bem sei que existem no plantel atletas com dois meses de salários em atraso, bem sei quão difícil e complicado é gerir um plantel nestas condições.
Mas também sei que, infelizmente é esta a situação em 70% dos clubes e sei que sobre mais nenhum clube se fala tanto em dificuldades de tesouraria como do Vitória. Em mais nenhum clube treinador e jogador estão constantemente na praça pública a fazer alardo das dificuldades financeiras dos seus clubes.
Sou de opinião que tal comportamento, não pode nem deve continuar a ser tolerado pelos responsáveis vitorianos. Por um lado, porque objectivamente este tipo de declarações em nada beneficia quem as profere e prejudica obviamente a capacidade negocial e a imagem do clube.E se o Sindicato dos Jogadores e a Liga Profissional assinaram um acordo que confere aos atletas o direito de rescindir o contrato quando existem 3 meses de salários em atraso, significa que até esse momento se impõe total solidariedade e empenho do atleta para com o clube. Por outro lado este tipo de discurso soa sempre ou a desculpa por maus resultados ou a auto-elogio por num momento de grande dificuldade se continuarem a ganhar jogos.

Espero sinceramente que todos os problemas que afectam a equipa sejam rapidamente solucionados, espero que este tipo de discurso seja definitivamente arredado do clube e aguardo com tranquilidade pelas próximas 5 vitórias para que o objectivo proposto seja atingido e para que se possam redefinir objectivos e metas que seguramente estarão ao alcance deste fantástico grupo de trabalho e seguramente mais de acordo com o prestígio desta grandiosa instituição.

Saudações Vitorianas
Spry

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