Depois de 2 derrotas, ainda mal digeridas pelos atletas, técnicos, dirigentes e sócios do clube, o Vitória de Setúbal de Carlos Carvalhal, apresentou-se hoje, no António Coimbra da Mota, na Amoreira/Estoril, com o único objectivo de vencer o líder incontestado da prova.
Era um jogo de tudo ou nada, para o emblema setubalense. Os três pontos, hoje significavam muito. Os jogadores sabiam-no, e depois de um mini estágio de 4 dias afastados da cidade Mãe, estavam dispostos a tudo para poderem repor a honra e o orgulho feridos há uma semana e vencer a formação canarinha. Até deixar a pele em campo, se necessário fosse.
O Estoril, com o passaporte praticamente carimbado, entrou no jogo algo expectante, tal como a equipa do Vitória, tornando os primeiros 25 minutos algo sensaborões. Mas o que os artistas nos reservaram a partir de aí, justificou, sobremaneira, a ida à Amoreira. Numa tarde de sol fantástica e com estádio cheio, a última hora de futebol foi manjar de primeira Liga, desde o mágico Jorginho, ao endiabrado Carlitos, passando pelo Magistral Senhor Hélio de Sousa, não exito em dizer que assistimos a uma bela partida de futebol.
Aos 34 minutos chegamos então ao 1º golo da partida, quando Hélio recuperando a bola, faz um passe alto, de costas, para Meyong que desmarca Jorginho, que aproveitando a deficiente marcação do seu adversário, apanha a bola a saltitar, sobre a direita, à entrada da área e desfere um pontapé fenomenal, que termina com a bola a entrar junto ao canto superior esquerdo da baliza à guarda de Fabrice. Explosão de alegria nas bancadas. O milhar e meio, ou seriam 2?( diziam que não vinham), de vitorianos nos tendidos do sol do António Coimbra da Mota, não tiveram muito tempo para saborear a vantagem. Na jogada seguinte depois de fantástica jogada do ataque vitoriano, Zé Pedro desfere um remate fortíssimo que bate com estrondo na barra da baliza de Fabrice. Nos 5 minutos seguintes, sufoco na área vitoriana, sempre com Tigrão a corresponder com classe, categoria e muito querer aos avançados estorilistas, com um punhado de defesas verdadeiramente espectaculares.
Resistiu 5 minutos o Vitória, mas não resistiu 6 e ao minuto 40 da etapa inicial, Hugo Santos, entre Auri e Costa ( hoje adaptado a defesa direito), conseguiu aproveitar a displicência dos 2 defesas vitorianos e empurrou, sem hipóteses para Roberto " Tigrão", a bola para o fundo das malhas. Reposta a igualdade no Estoril e chegávamos com 1-1 ao intervalo.
Carlos Carvalhal, ao intervalo, trocou o apagado Pascal pelo camaronês Meyong e em boa hora o fez. O campeão olímpico, foi em toda a segunda parte um verdadeiro quebra cabeças para a defensiva contrária, arracando, mercê de uma forma de segurar a bola notável, inúmeras faltas à linha recuada canarinha.
O segundo tempo não podia ter tido melhor início para as hostes sadinas. Bola ao centro, Meyong para Jorginho, este toca para Costa que joga para Hélio, e este, tal como sempre nos habituou, aguentou a bola e aguentou, aguentou, até chegar o momento certo para fazer um passe precioso, a rasgar a defensiva estorilista, isolando Zé Pedro, que depois de dominar superiormente o esférico, encostou sem dificuldades o esférico para o fundo da baliza. Decorriam apenas 15 segundos da etapa complementar. Nova explosão de alegria na falange de apoio sadina.
A este início fulgurante do Vitória respondeu o Estoril com domínio territorial e pouco mais. Apesar de os adeptos do Vitória terem passado 45 minutos de coração nas mãos, esperando o apito final de Benquerença, na verdade poucos sustos terão apanhado junto à baliza de Tigrão, sendo até o ataque do Vitória, com contra ataques de puro veneno protagonizados na sua grande maioria por Jorginho, que chegou mais vezes com efectivo perigo junto da baliza adversária.
Foi uma segunda parte agradável, com muita luta e muito futebol. Está de Parabéns o Vitória, que mostrou que quando a atitude, o querer e o incondicional apoio dos adeptos se congregam numa só direcção, a classe dos nossos artistas faz o resto.
Uma palavra para o treinador do Vitória Carlos Carvalhal. Respondeu às críticas, às dúvidas e aos fantasmas que sobre si pairavam com serenidade, dedicação e profissionalismo. Apostou, inovou e ganhou.
Escolheu para maestro da orquestra, um monstro adormecido do futebol português. Já não tem a frescura física dos 20 anos, mas não há dúvidas que o som da equipa sob a sua batuta é muito mais afinado. Hélio de Sousa, de seu nome. Jogou e fez jogar. Ora no ataque, ora na defesa, sempre no sítio certo. Aberturas magistrais a 30 e 40 metros como há muito já não víamos. Recorde-se que Hélio, por decisão técnica, não era opção há meses. Hoje saíram dos seus pés as jogadas dos golos do Vitória e algumas das mais belas jogadas do encontro. No final só não marcou, porque o remate forte fora da área, passou a alguns centímetros do poste.
No final, na conferência de Imprensa, o capitão dedicou o triunfo aos sócios e adeptos do Vitória, que merecem e bem esta vitória pelo incansável apoio que sempre prestam.
Nestes dias em que as coisas nos correm bem é fundamental disfrutarmos do momento, perceber quão ténue é por vezes, a fronteira do sonho e do pesadelo, das bestas e dos bestiais, dos competentes e dos incompetentes. Mas há sentimentos que nunca perecerão, que nunca podem nem devem ser equacionados: o amor pelo Vitória e a fantástica convicção, quase confessional, de que Domingo após Domingo lá estaremos, com um pau e uma bandeira a contribuir para um Vitória sempre maior.
Como dizia ontem um administrador da SAD vitoriana, também eu tinha, tenho e terei sempre até final: " Uma Fé inabalável na vitória"
Spry
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