terça-feira, outubro 07, 2003

" O caso Saltillo" Parte V

Arrumada a tralha e recuperados da decepção do campo de treinos chegava a hora do primeiro meeting entre os responsáveis locais da organização e os jornalistas e os dirigentes federativos.
O representante oficial era um rapaz cuja principal preocupação foi disponibilizar-se para ajudar os interessados, na escolha de companhia para quem se sentisse só noite dentro... Este indivíduo, vigarista de profissão, viria a ser preso mais tarde por roubo de elementos da delegação portuguesa.

A pacata cidade de Saltillo, depois de um importante roubo de um camião carregado de prata, estava a saque. Dentro do Hotel a permanencia de dezenas de soldados zelosos da segurança da delegação portuguesa, transformou a atmosfera e a qualidade do ar dentro do hotel. O cheiro a erva era cada mais intenso. O desconforto crescia nas hostes portuguesas, pelo menos nos dirigentes.

O Texas estava apenas a algumas horas de automóvel. A sedução da américa, as compras baratas, a aquisição de ofisticado material electrónico fazia a cabeça dos portugueses. Alguns jogadores querem ir à América nas folgas. São proibidos. O delegado local de imediato se disponibiliizou para efectuar as compras por quem assim lho solicitasse. Recebe umas centenas de contos e nunca mais aparece no hotel. Mais tarde descobre-se que o vigarista profissional era mesmo o representante oficial, neto de um grande político mexicano e aldrabão nas horas livres.

Com Silva Resende a milhares de quilómetros na cidade do México e descartando-se completamente do que se passava em Saltillo e com Amândio de Carvalho a encolher os ombros dizendo que não tem culpa escudando-se nos mexicanos, José Torres começa a stressar. Portugal é obrigado a fazer todos os jogos de preparação com equipas amadoras. De uma das vezes, Portugal vai defrontar uma equipa que ninguém sabia muito bem quem era. Prometeram que teria valor. Foi uma farsa completa. Chegados ao balneário, os jogadores explodiram. Deparando-se com a inevitabilidade de se equiparem num balneário aberto ao público, com os haveres ao dispor da população recusaram-se a participar no encontro.
Dias depois o problema é resolvido mas o adversário não comparece. Quando finalmente se consegue arranjar adversário era nem mais nem menos ( e isto não é brincadeira, consultem os cadernos da Bola) que uma equipa de empregados da industria hoteleira que pediram dispensa das cozinhas e dos bares para poder defrontar a selecção em Monterrey.
Torres esta perplexo! Estava a ser vítima de um embuste e sabia que ia ser o cruxificado de um eventual desaire no Mundial. Bradava com amândio de Carvalho, mas este apenas dizia que os mexicanos lhe prometiam e depois não cumpriam. Silva resende na cidade do México, ignorava os apelos de Amândio de Carvalho.

Torres finalmente consegue convencer a selecção chilena a defrontar Portugal, o cachet eram 1200 contos. Amândio de carvalho diz que não tinha forma de pagar. cancela-se o jogo.
Já toda a gente tinha percebido que a preparação para o Mundial ia ser um logro.
Spry

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