sexta-feira, outubro 10, 2003

" O caso saltillo" Parte VIII

Importa referir que o Presidente Silva Resende, apenas nesta altura viajou para o México e ainda assim manteve-se o mais distante possível de Saltillo, refugiando-se desde a sua chegada na distante e cosmopolita Cidade do México.
Fazendo ouvidos moucos aos sucessivos apelos de Amandio de Carvalho, que cada vez mais se via incapaz de gerir a situação, o Dr. Silva Resende confortavel e inexplicavelmente alheava-se e demarcava-se dos problemas, recusando-se a conceder, um minuto que seja, de diálogo aos atletas.
Silva resende deparava-se com insinuações e acusações dos atletas, que diziam que o Presidente não gostava de se misturar com " jogadores da bola" e que deambulava no mundo do futebol mais por interesses pessoais do que nacionais.

Amandio de Carvalho e César Grácio, cada vez sentem mais de perto o descontentamento dos jogadores e em surdina vão deixando cair o desabafo que quem devia estar ali era Silva Resende. Os dirigentes por um lado, defendem oficialmente perante os jornalistas, os jogadores e o País a posição da FPF, porém cada vez mais enfraquecidos e mais vulneráveis, pelos corredores do hotel e nos bastidores confessavam que se fosse por eles que a situação há muito estaria resolvida. Desculpavam-se com a ausência de Silva Resende, a quem nunca viriam a perdooar o facto do Dr. não lhes ter amparado os golpes de asa.
Silva Resende da cidade do México ordenava que nada se fizesse e exclamava: " se for preciso que se retire a Selecção do Mundial"

Na sequencia destesacontecimentos os jogadores emitem, no dia 25 de Maio, um comunicado onde afirmam lamentar a falta de resposta às solicitações dos jogadores e que tomam a posição de não comparecer, nesse dia ao jogo treino em Monterrey. Ainda assim concluem: " Contudo, continuaremos com todo o empenho e dignidade o nosso treino normal em Saltillo. Mais uma vez lamentamos tal situação, que é contrária à nossa vontade".

Estava o caldo entornado. De início a onda de solidariedade tinha como destinatários os dirigentes federativos, recorde-se Pimenta Machado, que de imediato colocou toda a equipa do Vitória de Guimarães, de borla, à disposição dos interesses nacionais. À restante solidariedade dirigente, juntou-se-lhe a do Governo da República, através de um comunicado, assinado pelo ministro da tutela João de Deus Pinheiro, donde se pode ler o seguinte excerto: " ...seja qual for o prisma sob que se analise a atitude reivindicativa dos jogadores que integram a Selecção nacional de futebol, haverá, no mínimo, que a qualificar de anti-desportiva, extemporânea e desprestigiante para o País que, efectivamente, representam" e concluia com o apelo: "...apelar aos jogadores seleccionados no sentido dde assumirem plenamente a sua condição de desporistas, de profissionais, acima de tudo, de portugueses, para que se criem condições propiciadoras de vitória nos campos desportivo e social."

O Governo assumia claramente o lado dos responsáveis federativos e Mário Soares, Presidente da República, não iria ficar calado, perante o escandalo, já com dimensão mundial.
O Dr. Mário Soares faz o apelo ao bom senso e ao espírito de diálogo como forma de resolução do problema. Era sem dúvida o tomar o lado dos atletas, cujas hipóteses de diálogo com os dirigentes lhes eram sonegadas.

Os faxes e as mensagens de apoio aos jogadores sucediam-se. Carlos manuel e Diamantino tinham a malta do barreiro e a malta dos sindicatos a trabalhar em prol dos jogadores. A novela segue dentro de momentos.
Spry

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